Dia da Internet Segura debate consequências negativas das fake news

Em 2018, 12 milhões de pessoas espalharam notícias falsas pelas redes sociais; o tema foi debatido em evento realizado na capital paulista

A internet se tornou palco de discursos de ódio e de notícias falsas nos últimos anos. No Dia da Internet Segura, nesta terça-feira (11), mais de 140 países se reuniram em defesa da segurança no ambiente digital e contra a desinformação.

Em 2018, 12 milhões de pessoas espalharam notícias falsas pelas redes sociais. O tema foi debatido num evento organizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, em São Paulo. De acordo com Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, as fake news, apesar de serem um fenômeno global, trazem consequências para o futuro do Brasil.

“Nós vemos uma onda massiva de produção de conteúdos falsos, como o movimento antivacina, que tem consequências reais para a saúde pública. Há conteúdos falsos sobre segurança pública, além de materiais sobre as eleições”, explicou Thiago, em entrevista à repórter Daiane Pontes, da TVT.

No Brasil, as notícias falsas tiveram uma expansão nas eleições de 2018 e os escândalos políticos, que criam grande interesse, ganharam os holofotes. A partir disso, o Comitê Gestor da Internet no Brasil criou um guia para orientar os usuários sobre como receber essas informações.

“O nosso guia dava dicas para que pudéssemos ter mais cautela e não colaborar com o debate sobre fatos inexistentes. Por exemplo, na greve dos caminhoneiros, pegaram a declaração de um jornalista escrevendo sobre um juiz ter mandado suspender o Whatsapp, mas isso tinha acontecido cinco anos antes”, contou Sérgio Amadeu, sociólogo e pesquisador de redes digitais.

Amadeu acrescenta que, apesar da população compartilhar informações falsas na internet, não é ela quem fabrica essas mentiras. “A origem dessas fake news é intencional, tem grupos políticos e fundamentalistas fazendo isso”, disse.

O sociólogo ainda afirma que as pessoas acreditam em notícias falsas não porque deixaram de confiar na mídia tradicional, mas porque o conteúdo falso disseminado nas redes sociais é favorável ao que elas acreditam. “Ela está interessada naquele assunto. Se você recebeu uma informação que é muito favorável às suas convicções, respira antes e vá confirmar essa fonte ou dado.”

O presidente da SaferNet lembra que os meios de comunicação têm papel fundamental para combater esse fenômeno. “No momento em que você não consegue mais distinguir o que é fato ou mentira, cabe aos veículos de imprensa educar a população e qualificar o debate público”, finalizou.