Após passar dos 4,4 mil mortos, prefeito reconhece erro de campanha ‘Milão não pode parar’

Com o maior número de casos e de mortes pelo coronavírus na Itália, Milão desprezou recomendações da OMS que pediam aos moradores “fiquem em casa”

O prefeito de Milão, Giuseppe “Beppe” Sala, reconheceu publicamente que errou ao ter apoiado a campanha “Milão não para”, lançada há cerca de um mês e que estimulou os moradores da cidade a continuar as atividades econômicas e sociais, mesmo sob alerta do risco de propagação do novo coronavírus.

Quando a campanha foi iniciada, em 28 de fevereiro, a Lombardia, região da qual Milão é capital, contava 258 casos de contaminação pelo vírus. Ao todo, o país tinha então 12 mortes pela doença. Atualmente, a Lombardia é a província italiana mais atingida pela Covid-19, com 34.889 contados até esta sexta-feira (27) e o país lamenta ser o de maior número de mortos: 8.215, dos quais 4.474 só em Milão

 “Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título #MilãoNãoPara. O vídeo estava explodindo nas redes e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente errado”, reconheceu Giuseppe Sala, em entrevista a uma emissora italiana no início desta semana, replicada em vários jornais do país. “Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito”, afirmou.

O vídeo da campanha passou a circular na internet depois que o governo central decidiu confinar 11 cidades do norte italiano, em reação ao registro dos primeiros casos de transmissão comunitária do coronavírus. A produção destacava “resultados econômicos importantes” que “corriam risco” e apoiado em expressões como “porque, a cada dia, não temos medo. Milão não para”.

O total de pessoas contaminadas na Itália passou de 74.386 para 80.589 nesta quinta-feira. A contagem de pacientes que contraíram a Covid-19 e foram curados foi de 9.632 para 10.361.