Com Lira na Câmara, Bolsonaro vai tentar emplacar agenda conservadora

Aprovação do auxílio emergencial e do Fundeb 100% para educação pública só foram possíveis com o trabalho da oposição. Com deputado Arthur Lira, Planalto exerceria o controle da pauta na Câmara

Eventual vitória do deputado Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara representaria nova chance para o governo Bolsonaro tentar impor a sua agenda conservadora nos próximos dois anos. Apoiado pelo Palácio do Planalto, Lira também representaria os interesses da bancada evangélica e do agronegócio.

Contudo, segundo o analista político Neuriberg Dias, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), independentemente de quem vença a disputa para a presidência da Câmara em 1º de fevereiro, a agenda econômica e fiscal não deve mudar. Mas uma atuação mais independente no comando da Casa, como promete o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que é apoiado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pode ser fundamental para barrar ou modificar projetos sugeridos pelo governo, que poderiam prevalecer com a parceria entre Lira e Bolsonaro. 

Balanço

Foi o que ocorreu nos últimos dois anos. Dias cita, por exemplo, medidas provisórias que eram importantes para o governo e que chegaram a caducar, perdendo a validade. Foi o caso da chamada “carteira verde e amarela”, que pretendia flexibilizar ainda mais os direitos trabalhistas. E também a tentativa de “fatiamento” da Caixa Econômica Federal, com o objetivo de facilitar a sua privatização por partes.

“Essa tática provavelmente deve continuar nos próximos dois anos, para barrar não só essa agenda ultraliberal, mas também a agenda conservadora. Bolsonaro agora está buscando todo o esforço para garantir um presidente da Câmera que seja mais próximo a ele. E que paute e indique relatorias nas quais o Planalto tenha um maior controle”, afirmou em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (5).

Segundo o analista, a oposição também conseguiu vitórias importantes, como, por exemplo, a aprovação do auxílio emergencial de R$ 600, que foi estabelecido a contragosto do próprio governo. A aprovação do novo Fundeb, com 100% das verbas para a educação pública, também foi outra derrota importante para o governo. O objetivo do Planalto era destinar parte dos recursos para instituições privadas.

(RBA)