Covid-19 em São Paulo: após abertura do comércio, casos, internações e mortes sobem

Doria adiou a reavaliação da abertura do comércio em meio à pandemia de covid-19 para evitar que agravamento force a aplicação de medidas mais restritivas

O estado de São Paulo teve novo recorde de mortes causadas pelo coronavírus registrado nesta quarta-feira (17). Foram 389 óbitos em 24 horas. O recorde anterior era de 365 vítimas, ocorrido um dia antes.

Além disso, o estado registrou 8.825 novos casos de covid-19 – com aumento de 26,1% na variação semanal – e 1.584 novas internações de pacientes com a doença no mesmo período, aumento de 3,4% em uma semana. Os dados mostram agravamento do quadro da pandemia de covid-19, duas semanas depois de o governo João Doria (PSDB) decretar a abertura do comércio e dos serviços, iniciada no dia 1º.

Mas para evitar rever o processo de flexibilização da quarentena, o governador paulista adiou para sexta-feira (19) a reavaliação da abertura do comércio no estado em relação à evolução da pandemia de covid-19, que devia ser feita hoje, sob justificativa de que, na sexta-feira, os dados estarão mais consolidados.

Desde o anúncio do Plano São Paulo, que define as regras para a abertura do comércio e dos serviços em meio à pandemia de covid-19, a reavaliação da flexibilização do isolamento – dividida em quatro fases de abertura – em cada região do estado estava prometida para ser feita semanalmente, com os eventuais avanços sendo feitos a cada duas semanas e os eventuais retrocessos, semanalmente.

A secretária de Estado do Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, tentou minimizar a situação, alegando que apesar desses números, o total de mortes está abaixo do máximo projetado nas simulações feitas pelo governo Doria. “A taxa de letalidade caminha para uma estabilização. Temos projeção de 15 mil a 18 mil mortes até o final do mês e a trajetória indica que ficaremos no centro da projeção. Nos casos está um pouco acima, por conta do aumento na testagem”, justificou Patrícia, sem informar qual o percentual de aumento na testagem.

Impactos

Já na semana passada, quatro regiões em que Doria autorizou uma maior flexibilização na quarentena registraram aumento nas internações e mortes causadas pela covid-19. As regiões de Barretos, Presidente Prudente, Bauru e Araraquara, que englobam 133 cidades, tinham passado direto da fase 1-vermelha do Plano São Paulo, em que só podem funcionar os serviços essenciais, para a fase 3-amarela, e foram autorizadas a abrir shoppings, comércios em geral, bares, restaurantes, salões de beleza e escritórios. Agora convivem com a explosão no casos e mortes e voltaram para a fase 1-vermelha no dia 15.

Nesta semana, a situação se agravou na capital paulista – que chegou a ter 81,7% de ocupação de UTI no último domingo (14) –, em Campinas, Sorocaba e São José do Rio Preto. O município de São Paulo chegou a 97.676 casos confirmados de covid-19, com um aumento de 44,7% na variação semanal. As mortes confirmadas subiram 18,4% na variação semanal e chegaram a 5.819. A ocupação de UTI teve queda e está em 75,8%. Na Grande São Paulo, a ocupação de UTI é de 77,1%. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde.

A cidade de Campinas chegou a 88% de ocupação de UTI. Já a região administrativa de Campinas, que engloba outras 21 cidades, registrou um aumento de 26,8% nos casos de covid-19 e de 33% nas mortes. A região tem 10.974 casos e a ocupação de UTI chegou a 70,6%. A região de Sorocaba registrou queda no número de novas mortes e um aumento do número de casos de 6,3%. Porém, a rede de saúde da cidade se aproxima do colapso, com a ocupação de UTI em 95,7%.

A região de São José do Rio Preto engloba 96 cidades e também vive o agravamento da pandemia. São 3.183 casos confirmados de covid-19, com um aumento de 39,8% na variação semanal. O número de mortes registradas chegou a 120, com um aumento de 19,2% na variação semanal. A ocupação de UTI é de 38,3%. A região de São João da Boa Vista tem 16 municípios e registra 731 casos e 60 mortes. O aumento dos casos foi de 26,9% em uma semana e o de mortes foi de 60%. A ocupação de UTI é de 34,9%.