Com variação de 1,35% em Dezembro, a maior desde 2002, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o ano em 4,52%, taxa mais alta desde 2016, segundo o IBGE. E acima do chamado centro da meta, definido pelo Conselho Monetário Nacional (4%). Apenas os alimentos tiveram aumento de 14,09% em 2020, mais que o dobro do ano anterior. E a maior alta desde 2002.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) variou 1,46% no mês, também o maior resultado para Dezembro desde 2002. E fechou o ano em 5,45%. Novamente, destaque para os alimentos, que tiveram aumento de 15,53%, duas vezes mais que em 2019.
Preços disparam
Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a alta dos alimentos no IPCA foi provocado por fatores como demanda, alta do dólar e preços de commodities no mercado internacional. Produtos como óleo de soja e arroz dispararam, acumulando altas de 103,79% e 76,01%, respectivamente. O leite longa vida subiu 26,93% em 2020, as frutas aumentaram 25,40% e as carnes, 17,97%. Outros destaques foram a batata inglesa (67,27%) e, mais uma vez, o tomate (52,76%).
Os dados da cesta básica, divulgados ontem (11) pelo Dieese, confirmam a tendência de alta dos alimentos. Os preços em 2020 subiram nas 17 capitais pesquisadas.
O gerente destaca ainda o grupo Habitação, que subiu 5,25% no ano passado, com influência da energia elétrica (9,14%). Outros itens que pesaram – segundo o IBGE, pelo “efeito dólar” – foram equipamentos e artigos de TV, som e informática. Somados, os grupos Alimentação/Bebidas, Habitação e Artigos de Residência foram responsáveis por quase 84% da inflação anual.
Gasolina e roupas: queda
Apesar de seis altas mensais seguidas, o preço da gasolina fechou o ano com queda de 0,19%. As passagens aéreas variaram -17,15%. Com isso, o grupo Transportes subiu apenas 1,03% em 2020. E Vestuário foi o único a cair (-1,13%). “Por conta do isolamento social, as pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a demanda por roupas”, diz o analista do IBGE. As roupas femininas, por exemplo, caíram 4,09%. A exceção nesse grupo foi o item joias e bijuterias, com alta de 15,48%, devido ao preço do ouro.
Todas as áreas pesquisadas pelo instituto tiveram aumento. A maior variação foi registrada no município de Campo Grande: 6,85%. Depois vieram, também acima da média nacional, Rio Branco (6,12%), Fortaleza (5,74%), São Luís (5,71%), Recife (5,66%), Vitória (5,15%), Belo Horizonte (4,99%) e Belém (4,63%). , O menor índice foi o de Brasília (3,40%). Na região metropolitana de São Paulo, o IPCA variou 4,40%. No Rio de Janeiro, 4,09%.