Movimentos sociais organizam atos em todo o país neste 8/1: ‘Brasil unido em defesa da democracia’

São Paulo – Nesta segunda-feira, 8 de janeiro, completa-se um ano que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), descontentes com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), invadiram e depredaram as sedes dos três poderes, em Brasília. A estratégia de causar tumulto em busca da tão sonhada intervenção militar, fracassada, causou grandes prejuízos, com vidraças, móveis e obras de arte raras totalmente destruídas. Mas a democracia saiu fortalecida com a união de todos os setores em sua defesa. E dos envolvidos, dezenas já foram julgados e condenados pelos crimes praticados.

Por isso, movimentos sociais, sindicais e populares preparam uma série de manifestações pelo país. Os atos, que deverão tomar as ruas e praças, ocorrerão paralelamente ao evento “Democracia Inabalada”, organizado pelo Palácio do Planalto.

De acordo com o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, a avaliação dos movimentos sociais é de que é preciso marcar presença nas ruas em defesa da democracia, para além do ato institucional, principalmente nos locais onde os grupos de direita costumam fazer protestos. “Dia 8 de janeiro o Brasil se une em defesa da democracia”, destaca Bonfim.

Até o momento, já foram confirmados atos na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, e em São Paulo, onde a concentração está prevista para as 17h, em frente ao Masp, na Avenida Paulista. Na capital federal, a manifestação deve ser feita um dia antes, para não “dividir” o ato marcado pelo governo no Congresso Nacional. Dirigentes e representantes dos movimentos sociais também participarão do ato institucional em Brasília, assim como das manifestações populares em defesa da democracia.

“Democracia Inabalada” é o tema do evento oficial

A data é considerada fundamental pelas entidades para afirmar a vitória da Justiça sob a tentativa de golpe. Naquele dia, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), insatisfeitos com o resultado das eleições, invadiram e depredaram as sedes dos três poderes na capital federal. Em poucas horas, os bolsonaristas destruíram o patrimônio público e vandalizaram áreas internas dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Em resposta, o Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos do Ministério Público Federal (MPF) denunciou 1.413 pessoas. Entre eles, 1.156 incitadores, 248 executores, oito agentes públicos e um financiador dos atos criminosos. O STF já condenou 30 pessoas a partir de denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O grupo responde pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

O ato institucional “Democracia Inabalada” terá a participação dos presidentes da República, Luíz Inácio Lula da Silva, da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do STF, Luís Roberto Barroso. São esperados cerca de 500 convidados, além de governadores. Em paralelo ao evento, o STF vai promover em seu edifício-sede no dia a mostra “Após 8 de janeiro: Reconstrução, memória e democracia”, voltada à preservação da memória institucional da Corte. O edifício foi o mais depredado pelos manifestantes.

Protocolo de Segurança

Ontem (4), o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o governo do Distrito Federal assinaram protocolo de segurança para os atos. O documento estabelece o planejamento e as prioridades de atuação, e marca também a entrega de 20 viaturas, armamentos, drones, cartuchos e demais equipamentos para o fortalecimento da segurança pública no DF.

O governo também monitora grupos bolsonaristas que articulam protestos antidemocráticos na data. A oposição ao governo Lula, por ora, contudo, vem descartando a possiblidade de realizar manifestações presenciais em Brasília para se contrapor ao evento dos três poderes. O grupo deve se ater a uma nota de repúdio. (Por Redação RBA)